quinta-feira, outubro 26, 2023

EXTIRPANDO A DEMOCRACIA – 4: Do “Laissez-faire” à Tirania

AS AUTOCRACIAS (complemento)

 “O mundo grego era basicamente aristocrático, um universo hierarquizado no qual os melhores por natureza deviam, em princípio, estar “acima”, enquanto se reservavam aos menos bons os níveis inferiores. Não se esqueça de que a polis grega se baseava na escravidão.”

Luc Ferry (1951-...)  filósofo francês, professor de filosofia

  

Na postagem anterior fiz apenas uma leve apresentação da vertente política do modelo autocrático. Ficou faltando o mais importante: a abrangência e a longevidade do sistema.

A autocracia, expressão da concentração de poder político, foi, e ainda está, presente em todas os continentes, não é uma característica ocidental ou oriental. As diferenças são oriundas do desenvolvimento cultural autóctone de cada região dada a dificuldade de comunicação entre elas ao longo dos milênios. Na Ásia, os registros históricos nos mostram que o modelo foi o de dinastias familiares de longuíssima duração. Dê uma olhada nesta lista que encontrei relativa às dinastias chinesas:

1 - dinastia Han (206 a.C.–220 d.C.) – 426 anos

2 - dinastia Jin (266–420) – 154 anos

3 - dinastias do Norte e do Sul (420–589) – 169 anos

4 - dinastia Sui (581–618) – 37 anos

5 - dinastia Tang (618–907) – 289 anos

6 - dinastia Yuan (1271–1368) - 97anos

7 - dinastia Ming (1368–1644) – 276 anos


A metade “ocidental” do planeta não conheceu tal modelo. No lado de cá, para começo de conversa, as Américas não fizeram parte do mundo por 95% de nossa história. Se nos concentrarmos na Europa e África, o que vamos encontrar são os Impérios[1], um modelo de autocracia violenta sustentada tanto pela execução sumária dos cidadãos pretensamente infratores, quanto pelas guerras de conquista, uma constante milenar nestas duas regiões. Nesta região o que mais vamos encontrar são Imperadores por curto espaço de tempo, assassinados que foram por adversários ambiciosos ou mortos em guerra[2]. O oeste europeu e o norte africano formaram o palco de um teatro onde se desenrolou uma peça trágica escrita por psicopatas sanguinários sustentados por estruturas religiosas[3] que justificavam as atrocidades em nome de algum ente metafísico, sobrenatural.

A consequência das percepções que colecionei ao longo da vida sobre o desenvolvimento cognitivo e tecnológico da humanidade, é a de ser oriunda do “casamento” entre o aumento populacional e a redução do tempo de comunicação entre emissor e receptor das mensagens sobre o que quer que fosse. Por muitas razões, que não cabe abordar aqui, o aumento populacional, constante e inexorável, cria problemas e necessidades novas, exigindo novas explicações e novas soluções para lidar com as interrelações humanas de toda natureza cada dia mais complexas.

O que parece se evidenciar no exposto até aqui é a estabilidade política observada no Oriente frente a instabilidade do poder no Ocidente. Até nos dias atuais isto ainda se observa bastando olhar para o poder político na China, na Rússia, na Coreia do Norte e outros países, e comparar com os tantos conflitos políticos que ocorrem mundo ocidental afora, norte ou sul.

Nos milênios passados desde quando os humanos deixaram a vida nômade, o poder político gradativamente instalado se valeu e se protegeu pela distância entre governantes e governados. Nos séculos de dominação do Império Romano, a notícia da proximidade de tropas invasoras, apenas como um exemplo, só chegava quando já era tarde para armar uma resistência. Durante tal tempo, a reação, a rebeldia organizada da sociedade a qualquer exorbitância do poder instalado, ou era impossível ou, quando viável, chegava quando já nada podia ser feito[4].

No final do século XVIII, não só se acentua o desenvolvimento do conhecimento científico, mas também deixa de ser algo exclusivo do campo das teorias e se volta para as aplicações práticas, culminando com o que conhecemos como “Revolução Industrial”, quando as distâncias se encurtam de maneira absurda (estradas de ferro, motor a explosão, automóveis, navios, aviões etc.). Isto não só materialmente aconteceu, mas, principalmente, no âmbito da rapidez de comunicação das notícias, ideias e opiniões (telégrafo, telefone, rádio, televisão, internet e celular).

Deixei propositalmente em separado a imprensa, os meios impressos (livros e jornais) pela razão destes terem sido absorvidos pelo Estado para desempenhar um papel fundamental nos novos tempos: manter o conteúdo das mensagens conforme os ditames e interesses dos integrantes do poder político. O instrumento para tal surgiu com Guttemberg por volta de 1450, mas só em 1608 surge o primeiro jornal impresso. E no Brasil, só em 1808, com a chegada de D. João VI, é que foi permitida a criação da primeira gráfica e o primeiro jornal, a Gazeta do Rio de Janeiro, e, prova do que afirmei, “órgão oficial do governo português”.

Hoje vejo a posição de meu inimigo no celular e, com este mesmo equipamento, posso, imediatamente, tomar atitudes que me protejam ou, instantaneamente, me manifestar a favor ou contra tudo que penso ser relevante dar minha opinião. Hoje, em segundos, posso comunicar a um imenso contingente de outros cidadãos, toda e qualquer ação do poder que eu considere ameaçadora a meus direitos e à minha integridade intelectual, mental e física.

Tal realidade é uma ruptura no processo civilizatório. Uma ruptura pela ruptura, este o problema central a que a humanidade está sendo submetida e desafiada a encontrar uma solução. Uma ruptura não buscada, não construída, não organizada, não liderada, mas uma ruptura consequente da aplicação de uma tecnologia a funções para as quais não foi concebida: a de arma na ação política. Uma ruptura que pegou os phoderosos absolutamente despreparados e, portanto, incapazes para uma reação contundente. No caso do Brasil é só quando a vitória de Bolsonaro expõe um imenso contingente de brasileiros armados até a ponta dos dedos é que “caia a ficha”. Para eles “Inês” não está morta. Alexandres, Barrosos, Dinos e outros menos renomados, testam inúmeras porções mágicas no desejo de que tragam de volta aquele status quo que tanto bem lhes fez por décadas.

Não sei no que vai dar. Uma certeza tenho: poder e servidão continuará a ser a relação fundamental a conduzir os destinos da humanidade. Só resta saber sob que modelo de relacionamento e com quais consequências. Num próximo, ou próximos textos, trarei outras provocações para refletirmos e imaginarmos como será o Novo Mundo para o qual estamos caminhando.

Até lá.

 


[2]  Em quatro séculos de história, o Império Romano do Ocidente teve 69 governantes. Destes, 43 (ou 62%) morreram de forma violenta — por assassinato, suicídio ou em batalha.

[3] “No século XVI, as leis, o direito, enfim, o próprio Estado, tinham seu fundamento na religião.” Michel de Montaigne

[4] Em 2012 Olavo de Carvalho chamou a atenção para o fato de que “nenhum movimento poderia se apossar do Estado se primeiro não se tornasse mais poderoso que ele”.

domingo, outubro 22, 2023

EXTIRPANDO A DEMOCRACIA – 3: Do “Laissez-faire” à Tirania

 

AS AUTOCRACIAS[1]

 

Em algum momento da história, o gradativo crescimento populacional obrigou os seres humanos a abandonar a vida nômade porque a colheita e a caça já não garantiam o sustento de todos. Produzir para grupos de forma colaborativa exigia capacidades até então praticamente inexistentes: organização, hierarquia, divisão de tarefas e conhecimento específico.

O exercício do poder de um sobre outros sempre existiu, mas até então restrito a um núcleo familiar, poder este exercido pelo mais forte, aquele que capaz de oferecer proteção aos demais (mulher e filhos). É razoável imaginar que o primeiro passo tenha sido a união de “famílias” em tribos. Mas unir esforços para um objetivo de atender uma população com diferentes opiniões e propostas de solução, evidenciou-se a necessidade de delegar a um ou mais indivíduos a responsabilidade da tomada de decisão e o dever, compromisso, dos demais a acatarem sem contestação.

É nestas circunstâncias que podemos situar o surgimento dos primeiros princípios de conceitos como propriedade, justiça, sociedade, política e economia. O direito de propriedade creio até que já existia, pois é de se imaginar que a obrigação de “proteger” exigia a defesa de “seu” abrigo do ataque de invasores. Tal direito ganhou mais abrangência quando os humanos precisaram passar a ter que produzir com seus próprios recursos, inteligência, habilidade e mãos. Esta horta é “minha”! Esta cabana de - taipa, de barro, de bambus -, é “minha”! Esta ferramenta de pedra é para “meu” uso. Esta pele de um animal que “eu” cacei, é para “me” agasalhar!

Delegar é atribuir a outrem poder para realizar. Por sua vez, poder sem limites é poder predatório em benefício próprio. Se considerarmos que numa longa primeira fase deste processo de transição de uma economia coletora para uma colaborativa não havia nem “justiça”, nem polícia, aqueles “eleitos” no poder tiveram tempo suficiente para exorbitarem de suas responsabilidades e se autoprotegerem para que seus atos pudessem se perpetrar sem represálias. Nascia ali a primeira divisão de classe entre humanos: os mandantes e os obedientes, os senhores e os servos, os iluminados e os desprovidos, os autocratas e os súditos etc.

Neste ponto é necessário que exponha um princípio que norteia a minha visão sobre o poder político. Todo político[2] com um mínimo de competência é um psicopata[3] em menor ou maior grau e, isto, ressalto, desde quando tal instituição se estruturou como sustentáculo do poder. Aqueles que não têm a mínima dose de tal distúrbio neurológico, não se aventuram a se candidatar ao que quer que seja, pois têm como princípio a solidariedade com seus semelhantes, sentimento que é impossível para os psicopatas. Se você, como eu, identifica um político que lhe transmite uma real intenção de agir em defesa de seus representados de modo honesto, correto, virtuoso, então ele, obrigatoriamente, é um mau político, pois, dada estas suas “boas ações e intenções” jamais conseguirá obter apoio suficiente para vencer em suas batalhas imaginárias feito um Dom Quixote[4].

A autocracia dominou e conduziu o avançar da civilização desde então até o final do século XVIII. Algumas ideias de democracia ao longo de milênios, foram mais defendidas do que praticadas. Uma pretensa democracia romana era, de fato, uma autocracia do Senado. E a Ágora grega, era uma pretensa manifestação de “vontade do poder”, pois, na realidade, os temas propostos eram habilmente manipulados para resultar na aprovação da vontade do autocrata do momento[5]. “In My Humble Opinion” (em “minha humilde opinião”, expressão que falantes do inglês costumam usar), na Ágora o debate era livre, mas a decisão arbitrária.

Em essência, a história da civilização é a história do poder e da servidão voluntária ou não. Indivíduos que se sentem desprotegidos frente a tragédia que é a vida humana, se dispõem a renunciar a parte significativa de sua liberdade - liberdade esta intrínseca à sua natureza -, em troca de uma prometida, mas não garantida, proteção à manutenção de sua existência. Tal sentimento é tão forte que a maioria de nós aceita conviver com a obrigação de sustentar, com benesses e privilégios absurdos, uma classe proporcionalmente ínfima da população total, além de todo o aparato governamental necessário para justificar sua perpetuação.

As rupturas neste quadro sempre existiram em um movimento sempre pendular entre os psicopatas de dentro e de fora do poder. O poder sempre mudou de mãos – lembremos dos tantos impérios que dominaram a Europa nos últimos 2 mil anos -, mas sempre um processo oriundo de uma guerra – violenta ou não – entre os que “isto aqui está muito bom” e os que “agora é nossa vez”. A massa de cidadãos, de frágeis humanos, são apenas manipuladas, usadas, estupradas, assassinadas, sempre, obviamente, em nome da promessa de uma futura vida feliz sob os mandos e desmandos de uma ideologia utópica que só conhece a natureza humana deles próprios.

O que nos sobra, como elaborou Schopenhauer, é a erística que nos é apresentada como debate “democrático”, mas cuja realidade é manipular fatos e argumentos para nos ludibriar e nos ser arbitrariamente impostos[6].

Com a independência dos Estados Unidos e a revolução francesa tentou-se romper com esta relação de mão única. Foi uma tentativa. Parece que nossa avaliação não é das melhores.

Espero que algum proveito o Leitor tenha tirado destas minhas tontas reflexões. Volto daqui mais uns dias.



[1] Autocracia é a forma de governo autoritária em que o governo é controlado por, centralizado em uma pessoa. Nesse tipo de governo, as ações são ditadas pelos interesses e pelas vontades do supremo governante. Um excelente livro sobre as características das autocracias e das democracias é “Democracia, o Deus que falhou”, de Hans-Hermann Hoppe. Um extrato das ideias nele apresentadas você encontra em:http://www.sendme.com.br/Extratos/ExtratoDeDemocraciaDeusFalhou.htm

[2] ATENÇÃO: Não uso o termo "político" em seu significado adjetivo, de atribuir uma capacidade de negociador, contemporizador, a uma pessoa. O termo político que aqui sempre emprego é o daquele que integra a instituição sustentadora do Estado e que por este é remunerado e que a ele é subserviente na busca pela manutenção de seus privilégios.

[3] psicopatia é um transtorno mental caracterizado por traços de personalidade que incluem egoísmo, falta de empatia, desprezo pelas consequências de seus atos.

[4] O jornalista e escritor Paulo Alberto Moretzsonh Monteiro de Barros, conhecido pelo pseudônimo de Arthur da Távola, se elegeu Senador por dois mandatos. Ele sempre foi meu exemplo deste incompetente ser político. Lembro que a atividade a que se dedicava com maior afinco era produzir e apresentar um programa radiofônico de música clássica.

[5] As cidades-estado gregas tinham diferentes tipos de governo. Algumas eram uma democracia direta, onde todos os cidadãos poderiam participar (ex. Atenas), algumas eram monarquias (Esparta), outras, oligarquias onde um grupo pequeno detinha o poder e governava (Tebas), e outras tinham um único líder ou Tirano (Siracusa).

[6] A erística é a arte do falar e argumentar que envolve um convencimento através de argumentos não necessariamente verdadeiros. Enquanto na dialética o objetivo é a busca de uma verdade ou consenso, na erística o objetivo único é vencer, subjugar, o oponente.

segunda-feira, setembro 18, 2023

EXTIRPANDO A DEMOCRACIA – 2: Do "Laissez-faire" à Tirania

 

 O LIBERALISMO

A maior parte do que escrevo e público no âmbito deste meu “Desnudando a Hipocrisia” é, na realidade, um exercício sobre o que não entendo e, como tal, uma tentativa de organizar as confusões mentais que vivo e as perplexidades que minhas percepções me causam. Quando penso que “descobri” alguma coisa, algum sentido ou razão sobre o “problema” em pauta, então me arrisco a publicar na intenção de minhas reflexões serem úteis a quem passa por aqui, advertida ou inadvertidamente.

O que me faz trazer à reflexão do Leitor a temática dos alternativos sistemas de poder político - de modo leigo e superficial, confesso -, são os fundamentos que embasam as “verdades” de cada um no tempo e nas circunstâncias dominantes. Portanto, o que interessa aqui, não serão regras tais como se o voto deve ser distrital, qual deve ser a duração dos mandatos, e coisas assim, que são formas de levar à prática o que se propõe como conceito. Na discussão sobre o fim da democracia – é isto que quero dizer com “extirpar” – vou procurar saber a que as atuais “democracias”, pretensamente consideradas como “governo do povo, pelo povo, para o povo”, estão passando/enfrentando neste início de milênio e a que distância estão de um pretenso ideal democrático imaginado por qualquer pensador em qualquer tempo da história civilizacional.

Entretanto, antes de avançar, reconheço que a maioria de nós, leigos, tem muitas dúvidas sobre os tantos conceitos envolvidos e, isto considerado, vou buscar clarear alguns deles na medida em que forem sendo abordados.

No texto introdutório, tratei das 3 formas de conduzir processos de produção no sentido de realizar algo, seja para si, seja para um outro, seja para um contingente de outros. Recordando: os modelos laissez-faire, autocrata e democrata. Em se tratando dos princípios sobre os quais se alicerçam os sistemas de poder político, considero apenas 2: o democrata - debater antes de/para fazer -, e o autocrata - fazer o que mandam/impõem, sem possibilidade de debate (quando vale o dito “manda quem pode, obedece quem tem juízo”). Deles vou tratar à frente. Antes vamos saber onde ficou/fica o laissez-faire, o deixar fazer.

Quando o homo sapiens vivia em pequenos grupos familiares de caçadores-coletores, não havia governo, nem nações ou países, nem Estados, nem “sociedades” ou mesmo “civilização” como conceituamos hoje. O humano daqueles tempos era livre para fazer o que desejava e necessitava. E era pouco: buscar abrigo, caçar ou colher o alimento, procriar e descansar. Quase mais nada além disso. A pouquíssimos, se não a ninguém, devia satisfação de seus atos. Foi a época áurea do laissez-faire, pois não havia “governo”, e se a liberdade de agir era uma realidade, também o era a responsabilidade sobre as consequências. Se não havia opressores também não havia protetores.

As populações cresceram. Pequenos grupos familiares interagiram e formaram tribos provavelmente porque perceberam que unidos tinham ganhos de produtividade e segurança. Surgiu a agricultura reduzindo o nomadismo[1] e aumentando as populações, fruto, principalmente, da redução da mortalidade infantil em consequência, talvez, do controle sobre a qualidade dos alimentos ingeridos e redução de outras ameaças à vida.

Mas as populações continuaram crescendo até que tribos precisaram se unir e formar grandes aglomerados, vilas e cidades. Simultaneamente os problemas com que os humanos precisavam lidar, eram de naturezas diversas para os quais as soluções eram mais complexas, pois envolviam interesses diferentes e não mais individuais, mas de grupos de muitos outros humanos. Em dado momento[2] evidenciou-se a necessidade de uma estrutura organizacional, ou seja, de atribuir poder de organizar para fazer/realizar na busca da satisfação coletiva, ou pelo menos, da maioria. Tal delegação, ao longo da história, se deu por dois processos que hoje conhecemos e podemos denominar de aristocracia e democracia. E estes dois caminhos de organização se alternaram e continuam a se alternar de tempos em tempos pela simples razão de que ambos não são capazes de por si só resolverem tudo e, consequentemente, se esgotam depois que a população constata que não atingiram o objetivo imaginado. Essa formulação carrega uma certa dose de inocência. A realidade é que tal alternância se deve de fato à luta pelo poder político, que pode ser resumida em “quem está dentro não quer sair, e quem está fora quer entrar”.

Foi naquele período da história que o laissez-faire perdeu sua predominância exclusiva na condução da vida cotidiana dando lugar a algum sistema de poder, consequente restrição da liberdade em alguma medida. Mais tarde, com o surgimento do escambo como solução para equilibrar escassez e abundância da produção e, mais tarde, com a criação da moeda, um produto intercambiável e aceito por todos, o laissez-faire se mostrou a receita capaz de equilibrar “oferta” e “demanda” de produtos. Ali o modelo laissez-faire de decisões individuais e egocêntricas, absolutamente impróprio para dar soluções coletivas, portanto, incapaz de ser aplicado como sistema político, se mostra ideal como um modelo econômico que veio a ser estudado por Adam Smith[3] e por ele cunhado como “liberalismo”, tendo sido também o propositor do conceito de “a mão invisível do mercado”, sobre o que falarei futuramente.

Resumindo: monarquia (autocracia) e democracia, modelos de solução para sistema político; liberalismo (laissez-faire), modelo de solução para sistema econômico.



[1] O nomadismo é a prática dos povos nômades, que não têm uma habitação fixa, que vivem permanentemente mudando de lugar. Usualmente são os povos do tipo caçadores-coletores ou pastores, mudando-se a fim de buscar novas pastagens para o gado, quando se esgota aquela em que estavam.

[2] Esta é uma suposição apenas com o intuito de dar uma lógica para o pensamento. Não tenho nenhum compromisso com uma “verdade” histórica.

[3] Adam Smith (1723-1790) foi um filósofo e economista escocês, que teve como cenário para a sua vida o atribulado Século das Luzes, o século XVIII. É o pai da economia moderna, e é considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico. Fonte: Wikipedia.









quinta-feira, setembro 07, 2023

EXTIRPANDO A DEMOCRACIA - 1: Do “Laissez-faire” à Tirania

 

INTRODUÇÃO

 

Como o que pretendo trazer à reflexão trata de conceitos que precisam ser entendidos por todos os leitores de uma mesma maneira, este texto é introdutório aos demais que trarei em seguida.

Uma das lições aprendidas na faculdade de administração que até hoje estão na minha memória foi a que apresentou às três formas de administração - as técnicas de conduzir com sucesso algum processo produtivo (em sentido amplo). São elas: a autocracia[1], a democracia e o laissez-faire[2]. Cada uma tem suas próprias características e a escolha de qual aplicar em cada caso é determinada pela avaliação de três fatores: circunstâncias, objetivo e tempo

Nós, humanos, temos diferenças no modo de conduzir nossas vidas. Temos os bonzinhos, os mauzinhos e os nem tanto.  Mas não é disso que vamos tratar, apesar do fato de sermos os agentes ativos e passivos nos processos produtivos. Isto será tratado ao longo desta prosopopeia na medida em que for preciso separar o indivíduo da técnica. Na vida particular, cada um tem seu jeito próprio de conduzir as coisas, temos de nos responsabilizar por nossas decisões e arcar com as consequências, quer tenhamos extraído[3] aprendizado delas ou não. Na vida social, profissional, econômica e política, as coisas são diferentes porque existem os outros, e como alguém já identificou, “o inferno são os outros”!

Nesta introdução, apresento apenas os 3 conceitos sem entrar nas reflexões sobre sistemas políticos. Ressalto que é muito provável que você ache o que mostro hoje pueril, óbvio, e por aí, mas entenda que preciso equalizar entre todos os leitores uma mesma base de informação conceitual para que não haja muitas dúvidas quanto ao que estiver sendo dito mais à frente.

O que chamo previamente atenção do Leitor é para o fato de que cada uma das 3 técnicas produz o melhor resultado dependendo da combinação dos 3 fatores citados. Elas não são intercambiáveis, onde se aplica uma com melhor resultado, as demais serão um desastre. Esta afirmação a faço como dedução de minhas vivências, tanto profissionais, quanto familiares.

 

LAISSEZ-FAIRE

Nesta introdução, vou usar esta expressão em substituição a liberalismo, termo que tem significados diferentes dependendo de que país e de em que espectro político estamos inseridos.

Podemos assumir que no princípio era o laissez-faire. O homo sapiens das cavernas não estava sob a vontade de um outro, e, em tese, era dono de seu nariz. Ele podia escolher caçar ou dormir. Banhar-se no rio ou caminhar pela mata. Deitar-se sobre a relva ou, depois de extrair uma resina de um “Pau Brasil”, pintar imagens nas paredes de sua caverna. As escolhas só dependiam de suas próprias circunstâncias, objetivos e tempo. “Deixe estar, se faltar comida eu resolvo depois”.

Naqueles tempos, muito pouco do que se fazia em benefício próprio, pouco ou nada afetava um outro ou seu pequeno grupo de caçadores-coletores.

Nestes termos, fica evidente que tal técnica, ou modo de agir, tem seu valor quando o objetivo de produção do que quer que seja é de exclusivo interesse do autor do processo. Uma área de maior aplicação deste princípio de produção está, evidentemente, nas artes, todas as artes, porque o produto final é fruto da vontade, intenção e forma de expressão de seu autor. Mas não só. Também nos esportes individuais, na medicina, na advocacia, são áreas em que esta é, na maioria dos casos, a única técnica cabível para a concretização de um objetivo.

Para não deixar nenhuma dúvida, imagine se Gala, musa de Salvador Dalí, ficasse espreitando por trás de seus ombros e emitindo opinião sobre o que ele estivesse pintando! Imagine o professor de uma especialidade qualquer da medicina que, depois de diplomado seu aluno mais brilhante, resolvesse se colocar ao lado de seu pupilo em uma sala de cirurgia e ficasse opinando ou criticando o que ele estivesse fazendo!? Ou se algum diretor de equipe de Fórmula 1 ficasse dando ordens a Barrichelo para que deixasse Schumacher ultrapassá-lo a 100 metros da linha de chegada. Ah! Isto já aconteceu!!! Estas são evidências de decisões autocráticas em circunstâncias em que elas não resultarão no melhor resultado.

Podemos, ainda, usando os mesmos exemplos imaginar um debate democrático entre Dalí e Gala sobre qual a forma que o relógio derretendo deveria aparecer sobre a mesa; entre o mestre e o aluno enquanto o paciente estivesse anestesiado e com seu coração exposto em um peito aberto, ou, uma discussão entre todos os membros de uma equipe se tal ordem de ultrapassagem seria moralmente aceita ou não!? “Hoje sim, hoje nãããooo!”

 

AUTOCRACIA

Na aula já citada, o professor ilustrou cada forma através de exemplos práticos. Me lembro dele usar para justificar a autocracia a atuação dos bombeiros em um incêndio e do exército em uma batalha, por mostrarem que as duas outras opções, consideradas as circunstâncias, o objetivo e o tempo, teriam um altíssimo índice de probabilidade de resultar em um tremendo desastre, ou algum nível de insucesso, quanto ao objetivo final de ter as chamas debeladas no menor tempo possível ou de vencer a batalha com as menores perdas de vida possível.

A autocracia tem como fundamento a ação a partir de uma ordem inquestionável, não porque seja a melhor – não há nem mesmo tempo para se tentar descobrir qual seria ela -, mas porque existem situações – até mesmo na vida pessoal – em que algo, qualquer algo, precisa ser imediatamente feito. Em tais circunstâncias a ação pensada, estudada, medida, tem que ser substituída pela ação/reação. E não importa o jeito como ela exercida. Também não importa se quem está no comando, na responsabilidade de decidir, tem um conhecimento prévio que o capacita, ou por ameaçar no presente com uma arma apontada para a cabeça dos demais, ou por ameaça/promessa de retaliação futura. A autocracia não tem como objetivo a melhor solução, ela simplesmente está a serviço de acabar com o problema, a ameaça, a resistência, a rebeldia, ou, então,... o fogo, a catástrofe, o desastre.

O corolário desta tese é que quando a autocracia age sobre processos onde a democracia (ou o laissez-faire) é a técnica que produz com qualidade o que se quer produzir, ou seja, onde não há demanda por urgência, ela tem o poder de corromper (em todos os sentidos) tanto o correr do processo quanto o resultado final.

Cuidado, não atribuir autocracia à liberdade e direito de fazer. A autocracia é sempre uma força externa ao autor da ação e independente de sua vontade. A escravidão no passado, a servidão ideológica no presente, não é uma escolha nem livre, nem democrática. Ela é impositiva, todos os possíveis direitos lhe são negados. Extraídos.

 

DEMOCRACIA

A forma democrática de conduzir processos produtivos é associada sempre a regime político, eleições, alternância de poder etc. O termo[4] foi criado para rotular um sistema político que parte da vontade da maioria[5] para a imposição de leis sobre a totalidade dos cidadãos, em tese, ignorando os anseios de minorias. Considerado este fim, ela só se diferencia da autocracia pelo fato de a imposição não vir de um só, ou um pequeno grupo, mas pelo consenso e desejo de uma pretensa “maioria”, mesmo que apenas de 50% mais 1.

Os livros de história indicam a Grécia antiga como seu berço. Foi Aristóteles que defendeu a ideia de que “democracia seria definida enquanto um Estado em que os homens livres governassem”. Nos tempos modernos não é bem isso que acontece. Mas vou deixar para discutir a democracia no campo político para depois.

Para entendermos democracia no âmbito da vida familiar, social e profissional, é mais adequado usarmos o conceito de participação na tomada de decisões.

No ambiente empresarial e mesmo familiar e social, podemos sintetizar os processos de tomadas de decisão “democráticos” como “participativos”. Todos são ouvidos, as ideias vão sendo escrutinadas e eliminadas gradativamente as que apresentam maiores riscos, menor chance de bom resultado, até que uma maioria chega a um consenso sobre o caminho que menor dano lhes causa. Os descontentes que se mudem! Tal sistema é amplamente utilizado no âmbito da justiça criminal através de júris compostos por diversos cidadãos, ou magistrados, que buscam formar, ou a unanimidade – como no sistema judicial americano -, ou a maioria de metade mais um, como em nosso sistema judicial, onde o exemplo mais notório é o nosso tão “estimado” STF.

A opção pelo laissez-faire é evidentemente impraticável, pois a justiça diz respeito à tomada de uma decisão cujas consequências recairão sobre um outro e não sobre quem a toma, e fazer uso da autocracia será sempre a imposição de uma sentença ignorando os direitos de defesa de um pretenso réu infrator.

Com estas poucas considerações creio que todos os leitores têm elementos para identificar em qualquer processo de solução de problema, qual forma de administração deve prevalecer como escolha.

 



[1] Autocracia tem o sentido, a partir da análise dos radicais gregos autos e kratos, de poder por si próprio.

[2] Laissez-faire é uma expressão em francês, significa “deixe fazer”, que simboliza o liberalismo econômico.

[3] Evidentemente uso o verbo “extrair” instigado por 9Fingers que recentemente (jul/23) manifestou o desejo e intenção de “extirpar” cidadãos brasileiros do convívio com os demais humanos.

[4] A origem do termo remonta à Grécia antiga, onde “demo”, povo, e “kracia”, governo.

[5] O termo “maioria” na verdade nunca foi respeitado ao longo da história. Em nossa Era moderna isto é fácil de ser constado olhando o resultado das eleições em qualquer país do ocidente. Lá vamos verificar que “maioria” significa em torno de 30% do eleitorado, e, em muitos casos, o número dado ao vencedor é menor do que os que não votaram (nulos, brancos e ausentes).








domingo, agosto 20, 2023

A FONTE DO PODER

 


Para podermos entender como um sistema qualquer de poder funciona, é míster compreender sua fonte, como se forma e como se sustenta. Este é, portanto, um texto preparatório para o entendimento de um outro onde irei propor uma reflexão sobre qual sistema de poder predominará no mundo ocidental no futuro próximo.

Antes de mais, se me restrinjo à metade ocidental desta nossa laranja cósmica, é por ser a dimensão geopolítica a que nosso parco entendimento está restrito e, consequentemente, estamos muito distantes de compreender como as elites e os povos orientais percebem e tratam as mudanças que estão sendo propostas como resultado do avanço da digitrônica[1] em todos os aspectos da vida.

Indo a fontes de significados, vamos encontrar que poder é “a capacidade de fazer, de realizar algo”. Tal definição é correta, mas se restringe a apontar para o resultado, principalmente, da ação individual no âmbito da vida particular de um indivíduo. Este fazer/realizar pode ser tanto intelectual quanto físico, e pode ser usado para o bem ou para o mal (como aplicar a força física contra um outro mais fraco ou fazer uso de uma arma contra um outro pretensamente mais forte). Isto considerado, também será válido o significado inverso, o de que poder é a “capacidade de destruir ou impedir a realização de algo”. A origem deste poder é pontual e se encontra no estado emocional, no interesse do agente e das circunstâncias no momento de seu uso. O objetivo aqui é buscar a fonte do poder como instituição política e, portanto, de organização das sociedades.

Nossos ancestrais homo sapiens[2], caçadores e coletores viviam, dá para imaginarmos, em pequenos núcleos “familiares” à mercê de satisfazer suas necessidades básicas de modo bastante individual. Nada, ou praticamente nada, era produzido em colaboração com outros indivíduos, até porque nada era produzido, e sim, caçado ou coletado. Mesmo quando descobriram como plantar para colher, cada um podia ou deveria ter sua própria horta. Mas os pequenos grupos foram crescendo em número e se tornando “tribos” – talvez em função de certa melhora na frequência e qualidade da alimentação, e “produzir” em colaboração – divisão e colaboração do trabalho – foi percebido como uma solução melhor, menos desgastante individualmente, mais produtiva coletivamente.

Aqui cabe inserir uma nota. Não há como saber quando um processo cultural começou, mas precisamos, para entender a história da civilização, de estabelecer marcos delimitadores de um “antes” e um “depois”. Apenas um exemplo. Os historiadores usam como marcador do início da idade média o fim do império Romano. Isto não significa que há uma data, uma batalha ganha ou perdida, apenas identifica que na dimensão histórica o destino dos povos ocidentais ganhou outras influências a partir do início do processo de ascensão de outros povos. O que digo, portanto, é que em algum momento o individualismo não deu conta de resolver as novas demandas dos seres humanos, e apenas estou assumindo que o cultivo intencional em uma escala acima da necessidade individual passou a ser uma solução melhor. Continuando.

Naquela fase do desenvolvimento da civilização, quando se passa a produzir de forma colaborativa, dois novos problemas surgem e precisam de solução: a organização da produção e a proteção da terra usada para tal. É neste contexto e época que o poder ganha uma dimensão para além de um atributo pessoal (a força, a arma) e passa a ser um atributo “concedido”. Um conjunto de indivíduos com um mesmo problema a solucionar – a organização do trabalho – concordam em conceder a um deles a tarefa e responsabilidade de determinar como a produção será realizada, e, consequentemente, de determinar a cada um dos demais o que deve fazer.

Se exponho desta forma bem simples a questão da origem do poder é porque, (1) é o tema que mais se discute em nossos dias e (2) porque tenho afirmado em conversas que “ninguém” TEM poder, mas tão somente recebe de outros a concessão para exercê-lo em seus nomes e interesses. Minha afirmação é absolutamente reativa para chamar a atenção de meus interlocutores de que Xandão não tem poder algum intrínseco à sua gênese, mas é o representante de um conjunto de pessoas e entidades que, ao lhe delegarem algumas tarefas e “direitos” de “fazer”, estão, por consequência, comprometidos com aprovar todas as suas decisões e ações, pelo menos enquanto os interesses deles próprios estiverem sendo plenamente atendidos e satisfeitos.

A reação a Bolsonaro nada mais foi do que a percepção de que os habituais garantidores do poder estavam  sendo boicotados, seja por um desejo utópico do ex-presidente de “mudar o mundo”, seja por um desejo rasteiro de atender aos interesses de seus próprios garantidores – há apoiadores tanto destas duas hipóteses quanto de outras intermediárias.

Alguém formulou que se ninguém obedecer ao “supremo”, nenhum poder ele terá. Como todos, indivíduos e instituições, estão, neste Brasil de 2023, calados, é de se entender que os interesses estão sendo atendidos, por enquanto, na dimensão e qualidade pré-definidas.

Precisamos ainda dar mais um passo. Com o crescimento populacional, depois do objetivo de organizar a produção, chegou-se ao problema da propriedade da terra e de sua proteção. Tribos vizinhas e preguiçosas viram nas terras  produtivas a solução para sua própria fome e não viram nenhum problema em invadi-las e usufruir do produto cultivado, mesmo que para isso tivessem que matar. Para tal “olho perversamente grande”, as tribos produtivas se uniram e enxergaram uma solução: criar uma brigada de homens que “cuidariam” de dar um “corretivo” em outros homens das tribos não adeptas do esforço pessoal. Neste ponto de nossa trajetória humana, o poder deixou de ser apenas um instrumento de organização do trabalho e se aprimorou como instrumento de poder regulador,  opressor e punidor do comportamento do  homem em sociedade.  Não estou fazendo juízo moral, apenas constatando.

O processo de vingança a que estamos submetidos como sociedade neste ano (e sem enxergarmos um horizonte de fim), é a vingança e a punição dos recalcitrantes e desavisados. Tal momento e fatos expõem as entranhas apodrecidas de nosso sistema político. Simplificadamente podemos dividir os brasileiros que minimamente têm envolvimento com tais discussões, entre dois grupos: os perplexos, assustados e, ainda, sem bandeira, sem rumo, sem líder, e os COCOCOS, covardes e corruptos (todo corrupto é um covarde, e todo covarde se torna corrupto, ambos para sobreviver e por lhes faltar coragem moral) e os coniventes beneficiários temporários, os sujeitos ocultos de uma oração subordinada ao interesse umbilical.

Repito. O poder político, em especial, é um poder concedido. Revogada a concessão, revogado está o poder.

Toda essa conversa minha tem um fundamento. Estou com a paciência esgotada de ouvir[3] jornalistas renomados e outros alçados à proeminência de seus 15... segundos, ficarem a criticar as arbitrárias ações de atuais “elegidos” pela oligarquia de sempre, clamando por uma Constituição e outras leis de menor importância que são absoluta e integralmente ignoradas por tais “supremos”. O ex-Brasil é resultado deste novo processo de constituir um novo Estado, qual seja, o de um governo que não prescinde de leis, basta a vontade do tirano de plantão. Constatar que 250 anos depois volta-se à "verdade" de que "o Estado sou eu" é a prova de que a história se repete, inexoravelmente!

Antes de deixar meu leitor aproveitar melhor seu dia, quero chamar a atenção para o que aconteceu (e acontece) na distribuição e acumulação de capital na digitrônica. O conceito de “cauda longa”[4] que surgiu na virada do milênio criou fortunas imensuráveis em um bit de tempo. Empresas e indivíduos estão fazendo fortunas e mudando o modo de como o poder do capital interfere em nossas decisões e nos destinos de nossas vidas. E este, apesar de ser um poder que nós concedemos, também é um poder impingindo pela tecnologia, pois se não cedermos, temos a sensação de que estamos perdendo algo, algo que não sabemos o que é, nem as consequências de se o perdermos.

Fique em paz!

 

Esta é a síntese da mensagem!

 


[1] Digitrônica é o termo que uso para sintetizar a revolução provocada pelas tecnologias digitais e eletrônicas surgidas e aprimoradas nas últimas 3 décadas.

[2] Antropólogos situam a condição de “homo sapiens” às capacidades surgidas há 300 mil anos. Fonte: wikipedia.org

[3] E olha que eu nem mesmo assisto canais de TV há décadas, mas do tal do Whatsapp ainda não consegui me livrar e é por ele que os “podcasts” me atingem em cheio.

[4] Explicação simples para a “cauda longa”: é disponibilização de um produto digital por um preço ínfimo para uma quantidade absurda de consumidores. Antes assinávamos um jornal por X reais ao mês, hoje assinamos 10 canais de YouTube por 1/5 de X. Faça a conta e descubra que este exemplo dá 2X de gasto.