quarta-feira, julho 30, 2025

IMPREVISÍVEIS PREVISÕES


Estamos no final de julho de 2025, um mês que, prevejo, poderá ficar na história como marco de um tempo de incertezas, especialmente para o Brasil, este país capenga, previsto um dia vir a se levantar do “berço esplêndido”, se agigantar em suas riquezas naturais, e justificar a vaga previsão de Stefan Zweig de “país do futuro”.

Estou completando e encerrando[1] – já me adianto anunciar – 8 anos de discreta escrita militante digitrônica no espectro político rotulado de “direita”, espaço frequentado por conservadores nos costumes e, em diferentes medidas, liberais na economia.

Adquiri o hábito de começar o dia vendo mensagens de emeio, e vídeos no zap e iutube. Nestes últimos dias dediquei-me a configurar a opção “não recomendar o canal”[2] em TODOS os canais que noticiam ou comentam política. No zap, saibam todos, passei a ignorar e apagar o que me mandam sobre o tema. Nada contra ninguém, mas tudo contra o conteúdo. A contrapartida é que também deixo de lhes abarrotar a escassa memória com tais irrelevâncias!


Se estou, por um lado, em puro estado de cansaço mental por me envolver nesta nuvem ocidental[3] de completo nonsense, por outro, estou tardiamente reconhecendo e aceitando não passar de um mero palhaço sem graça (ou des/graçado) no picadeiro político, sem significância para ser obstáculo ao processo em curso de desmanche da Nação.

Este reconhecimento fundamenta meu afastamento de quaisquer falas e fatos políticos, pois “é preciso”[4] proteger um estado razoável de sanidade mental.

Quando temos na presidência, um descondenado por corrupção, invocando uma pretensa “soberania brasileira” e, simultaneamente, defender a “urgência de uma governança global”, é porque a lógica foi pro “saco”.

Quando todos os condenados por roubar milhões, digo, bilhões dos contribuintes, têm suas penas ANULADAS[5] e, em sentença inversa, é negada a anistia a cidadãs condenadas a mais de 12 anos de prisão por exercer o direito de protestar, é porque uma tropa de elite neurologicamente perturbada assumiu o phoder, com h.

Quando uma ministra, em suprema hipocrisia, diz que “a censura é proibida constitucionalmente, eticamente, moralmente, e eu diria até espiritualmente“, e, em seguida, contra sua própria sentença de que “o cala-boca já morreu”, vota, sem qualquer rubor[6], a favor de “calar a boca” de 213 milhões de brasileiros, então é porque a moralidade apodreceu, e a putaria se instalou como Lei máxima da República.

E para deixar claro aos desentendidos, se tal decisão do STF não for suficiente, o mesmo sujeito que pediu a um ditador africano para lhe ensinar o segredo de como ficar 40 anos no poder, recentemente fez um pedido especial a seu guru Xi Jinping “para lhe enviar um especialista” com a incumbência de implantar seus métodos de censura por aqui. Isso é soberania lulopetista na veia!


Há muito pouco que possamos fazer além de reservar domingos para manifestar nossa “precisão” nas orlas das praias ou nas avenidas principais de algumas capitais. E não é que juntos não sejamos uma força a ser considerada. É que o mundo contemporâneo instrumentalizou desproporcionalmente “eles” e nós. Há um abismo, como nunca antes, entre os intere$$e$, com cifrões, e as armas das cocoligarquias – corruptas e covardes - locupletadas com a oligarquia dominante no ápice da pirâmide, e nós, os cidadãos fantoches, praticantes ou não de uma inocência hipócrita, crentes de que a Era Digitrônica[7] veio para nos salvar das garras do Leviatã. Como somos convenientemente tolos e crédulos!

Os acontecimentos deste último mês, se foram mais ou menos previsíveis, deixam um pacotão de imprevisibilidades. É evidente a escalada do embate entre forças globais de dentro e de fora do phoder, com h. Nesta corrida furiosa e maluca, ultrapassagens a todo instante. Pilotos psicopaticamente agressivos passam dos limites e tentam jogar o opositor para fora, não da pista, mas do campeonato. Se é imprevisível o dia em que terminará, é previsível um vencedor, aquele único sobrevivente de todos os acidentes mortais inevitáveis. Também é imprevisível seu estado de saúde na chegada e as consequências da ressaca após se embriagar com a Champagne da vitória.

É imprevisível que possa surgir um “azarão”, como no turfe, aquele pangaré em quem ninguém aposta – feito Bolsonaro em 2018 - correndo por fora, atropelando os líderes e vencendo no foto chart? Só quem viver verá!

Tudo é previsível como ação, imprevisível como resultado, neste processo de dobra de apostas num mundo em que não se respeitam mais leis e valores morais. Não que eu esteja defendendo algum valor moral em particular, mas simplesmente apontando que não há mais qualquer valor moral. Só há um valor imoral: o do intere$$e, com cifrões, de quem, em tese, recebeu o poder para exercê-lo, sem “h”, em nome de todos os cidadãos.

Minha imprevisível previsão final é que os fatos presentes têm continuidade previsível, mas ao cabo as consequências são imprevisíveis para a civilização.

Cito, caminhando para o fechamento deste desabafo, alguns pensamentos a que atribuo alguma consistência filosófica.


De AYN RAND (1905/1982. “Moralidade é o julgamento que permite distinguir o certo do errado, é a visão que enxerga a verdade, é a coragem que age com base no que vê, é a dedicação ao que é bom, é a integridade de quem permanece no lado do bem a qualquer preço. Mas onde se encontra isso?” 


De EDMUND BURKE (1729/1897:
A conveniência é a sábia aplicação do saber geral às circunstâncias particulares. O oportunismo é a sua degradação.”


De Aristóteles (-384/-322): “Devemos
disciplinar nossos apetites para que a virtude triunfe sobre o vício.”

E, por fim, de Gertrude Himmelfarb (1922/2019): "A degradação dos valores morais está ameaçando a prosperidade das sociedades e as nossas liberdades individuais básicas. O que significa uma tentativa de normalização dos desvios de caráter.” Isto lhe soa familiar?


Reforço, enfim, meu comprometimento em não falar nem escrever sobre política, políticos, jornalistas e socinistas[8]. Emitir opiniões contra ou a favor. Isto definitivamente só me traz malefícios. E pra você?

Vou ficar com os bate-papos de Paulão e Paulinho sobre temas que considerar de mínima contribuição para “entender o que acontece em nós e à nossa volta”.

Até lá! E fique bem![9]



[1] Me é incompreensível a credulidade de gente instruída que me manda um vídeo do “Paulo Guedes” conclamando o sujeito a depositar 600 reais hoje e daqui um mês, repito, um mês, ter 90 mil reais!!! E isso só para começar!!! E ao ser alertado da fraude, responde com: “Ué, mas o Paulo Guedes não tem credibilidade!!!???”.

[2] A desgraça é que tal “opção”, assim como a de “bloquear” propagandas, não são respeitadas como esperamos que sejam.

[3] Além de sempre restringir minhas alegações ao Ocidente, o lado do mundo majoritariamente cristão e democrático em que vivo, sabemos que o oriente tem vieses diferentes e até mesmo opostos e, portanto, o que em tese vale aqui, não vale por lá.

[4] Para entender as aspas em "precisão", assista, no canal do Paulinho, ao vídeo “Poema da Precisão”.

[5] Há um risco ainda não afastado de que os anistiados venham e requerer o reembolso das quantias devolvidas aos cofres públicos por conta das condenações descondenadas.

[6] Tal "distúrbio" cognitivo da ministra, obviamente, tem por fundamento uma submissão a interesses inconfessos.

[7] Digitrônica – é o termo que criei para referenciar o pacote formado pelas tecnologias digitais e eletrônicas que dominam as relações humanas em nossos dias.

[8] Socinista é outro termo que criei para referenciar o pacote ideológico socialista/comunistas, onde o primeiro é a cama para acolher o segundo.

[9] Uso essa exclamação em tributo a meu neto, Henrique Palladino, que a manifesta sempre como expressão de seu desejo ao se despedir de quem gosta.