quinta-feira, abril 21, 2022

O MUNDO EM QUE VIVEMOS

[1]

“A impressão que se tem, pelos fatos ocorridos em público até agora, é que o STF dará, sim, um golpe de Estado para impedir um segundo mandato de Bolsonaro — caso chegue à conclusão que pode dar esse golpe, ou seja, se tiver certeza de que todo mundo vai baixar a cabeça se os ministros virarem a mesa.”

 J. R. Guzzo, em “Estão Querendo Virar a Mesa”, revista Oeste de 15/4/22


Há quase um ano, as pessoas mais próximas a mim, me ouvem dizer que não chegaremos às eleições deste ano percorrendo um caminho normal. Guzzo, no artigo citado, fazendo um paralelo entre os desejos dos perdedores de 2018 quanto a Bolsonaro e o que se propagava quanto à candidatura de Getúlio a Presidente em 1950, lembra a fala de Carlos Lacerda: “Não pode ser candidato. Se for candidato, não pode ser eleito. Se for eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar”. Este é o retrato de nossa fragilíssima “democracia”.

De minha parte, em relação a Bolsonaro nestes pouco mais de 3 anos, dá para fazer uma inversão, pois impedido de governar ele já o foi desde o primeiro dia. Se alguém imagina impedi-lo de tomar posse se eleito, não está em juízo perfeito, não tem o menor compromisso com as consequências para o país, é o mínimo a se dizer. Candidato ele o será se nada lhe obstar. Portanto, só restam a seus oponentes duas alternativas: não deixar que seja candidato ou fraudar a contagem dos votos se as pesquisas prognosticarem sua vitória.

Qual o nível de certeza que tenho sobre esta “previsão”? Cem por cento! Justifico.

Desde a primeira atitude de Alexandre de Moraes[2] contra a Constituição Brasileira, eu me pergunto: o que motiva um juiz da Suprema Corte a agir contra a Nação sem qualquer receio de ter suas decisões revidadas, invalidadas, ou minimamente questionadas por instituições que se proclamam defensores da Lei? Uma primeira resposta é atribuir a alguma pressão externa não revelada. Através de ameaças à sua vida e/ou de seus familiares[3] (algo do tipo faça o que estamos lhe mandando ou...!), tal ação teria sequestrado a capacidade de agir e de julgar do referido Ministro. Para quem desconsiderar tal hipótese faço uma proposição. Tente se imaginar estando em uma posição de poder qualquer (não precisa ser no âmbito de funções da justiça) e se pergunte: que razões o fariam agir contra suas convicções morais e contra seus mais caros valores? Que forte razão seria esta que lhe faria capaz de enfrentar o desprezo provável de sua esposa/marido, seus filhos, seus amigos sem entrar em profunda vergonha? Se não viu, veja os vídeos que mostram as opiniões de Moraes no passado e no presente sobre liberdade de expressão. Tem alguma coisa muito estranha na transição de um momento para outro! Será só desvio de caráter? Oportunismo? É só uma pergunta.


Ok, vamos ignorar isso e buscar outra fonte de razões e para tanto vou recorrer a Geraldo Alckmin, o “Picolé de Chuchu” transmutado em “Pimentão Murcho Vermelho de Vergonha”. O que você acha que sustenta o novo “Geraldo Alquimista Amoral”? Você consegue imaginar o que o faz se tornar um “Lambe-9Fingers”, jogar no esgoto suas relações mais preciosas, sua carreira política, mesmo que ela tenha sido pautada por atos escusos, não republicanos, corrupção etc.? Eu não consigo. Tem algo muito, muito forte, eu diria até dramático, por trás do que ele optou por se tornar. Veja os dois vídeos de ex-Alckmim, o "antes" e o "depois", caso precise refrescar a memória. 

 

Prosseguindo. Vamos dar uma olhada na parcela silenciosa dos perdedores. O que estará fundamentando o silêncio em relação às arbitrariedades do STF, instituições  como OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ABI (Associação Brasileira de Imprensa, a própria imprensa em sua quase totalidade, a silenciosa covardia subserviente da câmara dos deputados e do Senado, e muitas outras instituições? O que respalda rotular como fascista e antidemocrático um Presidente que fala e age vigorosamente em defesa das liberdades individuais e do total respeito à Constituição sem que tenha tomado qualquer atitude autoritária, mas tendo adversários que agem diuturnamente para o cerceamento das liberdades e aplaudem as arbitrariedades do STF, em público ataque aos princípios mais básicos da democracia? Quem são os que nos acusam do que eles fazem?[4]

Hoje tenho a convicção de que a tecnologia digitrônica capacitou cada cidadão do planeta Terra - independente de classe social, de nacionalidade e de nível de instrução - a expressar suas opiniões e formar imensos grupos em defesa de desejos e necessidades comuns, corrompendo de forma inesperada, rápida e drástica, a estrutura do modelo democrático e hipócrita sob o qual vivemos a partir da revolução industrial. O modelo “elite e povo” até então era explícito, claro: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. A formulação “todo poder emana do povo e por ele será exercido” é a primeira e máxima hipócrita das constituições. Não só da nossa. Ninguém há de imaginar que lá constasse algo como “todo poder emana das elites e em seu nome será exercido para exploração e submissão do povo”. Mas esta é a incômoda realidade. O problema é quando o tal “povo” pode se manifestar com razoável força e, portanto, pode mandar. Mas quem deverá obedecer? Obviamente deveriam ser os mandatários do povo eleitos pelo voto. Eis a incômoda questão fundamental. Estamos, portanto, inseridos em um movimento de corrupção dos valores da civilização ocidental com uma força de destruição que nunca foi possível em nossa história.

A mão do leviatã estatal está queimando e o cheiro de carne tostada impregna os cérebros dos detentores do phoder. A dissonância cognitiva[5] nas mentes oligarcas, provocou uma ruptura de tal magnitude que os conceitos mais elementares têm seus significados invertidos. Quem fala em garantir a liberdade, manda prender quem o critica. Quem defende a democracia, ataca-a com decisões antidemocráticas. Quem fala em direitos individuais, agride, até fisicamente, quem dele discorda. Quem deveria se limitar a falar nos autos, discursa publicamente e no até no exterior, se proclamando do bem e agindo contra os do mal, você. Quem defende o respeito às Leis e à Constituição, é acusado de autoritário e fascista. Comunistas são do bem, holodomor[6] e holocausto são fake news da extrema direita, e prometem, se eleitos, um mundo como Pasárgada, onde Manuel Bandeira imaginou ser “um refúgio de delícias”. Como nada é sem significado e intenção, tudo é em nome do desespero pela perda do monopólio da informação e da boa e fácil agora antiga forma de manipulação das massas através dos convenientes serviços dos veículos servis de imprensa tradicionais.

Não nos iludamos, nem sejamos esperançosos quanto aos acontecimentos políticos dos próximos 6 a 9 meses. Será uma escalada tal qual a erupção de um vulcão: ela só terminará quando a energia que a sustenta tiver sido totalmente consumida. Há como impedi-la sem trauma? Não. Resta-nos resistir, pois toda escalada tem seu ápice seguido do inevitável declínio quando tudo se desgasta e quando a realidade faz caírem as máscaras das narrativas falaciosas. Então terá chegado o momento para forças contrárias ganharem suas batalhas. Por falar em batalhas, podemos ver tal processo como uma guerra. Elas não terminam com a aniquilação total dos inimigos, elas terminam quando um dos lados levanta a bandeira branca em reconhecimento, não da força do inimigo, mas da fraqueza e desgaste de suas próprias forças frente à capacidade de resistência encontrada.

Assumindo a similaridade metafórica com uma guerra entre exércitos, um deles é formado pelos “vitimistas”, os vitimados pela perda das eleições de 2018. São todos os defenestrados do poder em consequência das decisões do Presidente tomadas em total observância às suas promessas de campanha. Identificá-los, portanto, é fácil. Para saber o que torna um “vitimista” raivoso que diz odiar Bolsonaro, basta identificar qual foi a teta que ele mamava e secou. De outro lado estão os “estoicos”, aqueles que em lugar de aceitar uma cota de “quentinhas” do socinista de plantão, preferem ir à luta, enfrentar as vicissitudes e ir atingir seus objetivos com seu próprio esforço e mérito.  Para identificá-los, basta descobrir sua fonte de renda, se é de um encosto em algum mecanismo (benesse) estatal ou se é da determinação e do trabalho.

Persistir em nossas convicções, ter a consciência de que respeitar e lutar pela admissão de que cada um de nós é único, que nossas diferenças têm que ser protegidas e garantidas, e que qualquer que seja a melhor solução política para o equilíbrio da vida em sociedade, a natureza humana tem que ser o sustentáculo para uma vida digna. Esta simples, mas decisiva postura é o passaporte para o ingresso neste exército de estoicos.

Abaixo, uma edição (o vídeo completo está aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Pq-Hk32T7lE) feita por mim com recortes do vídeo, gravado no mesmo dia 20/abr/22, de Rodrigo Constantino tratando das mesmas questões deste artigo.

Eu não partilho da possibilidade que o jornalista J. R. Guzzo aventa de “que todo mundo vai baixar a cabeça” e dar salvo-conduto para um golpe dos perdedores. Mas isso só se eu e você nos mantivermos nas fileiras da resistência estoica. Só se ninguém reagir à condenação de Daniel Silveira feita hoje pelos 10[7] (Ameaçados? Raptados?) ministros do STF neste dia em que escrevo.

Fique esperto. Fique determinado. Erga sua voz. A servidão voluntária não é uma boa saída.

Encerrando deixo o depoimento do pastor luterano Martin Niemöller (1892–1984), na Alemanha nazista:

"Quando os nazistas vieram buscar os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista. Quando eles prenderam os socialdemocratas, eu fiquei em silêncio; eu não era um socialdemocrata. Quando eles vieram buscar os sindicalistas, eu não disse nada; eu não era um sindicalista. Quando eles buscaram os judeus, eu fiquei em silêncio; eu não era um judeu. Quando eles me vieram buscar, já não havia ninguém que pudesse protestar."

 



[1] Quando estava no 2º ginasial, um professor que me deixou boas lembranças,  nos indicou para ler “O Mundo em que Vivemos”. Devia ter umas mil páginas, nunca o li, mas, na esperança de um dia o ler, o mantive comigo por uns 20 anos. Informação inútil, apenas dando vazão a uma saudade.

[2] Não só ele, Barroso, Fachin e Lewandovski são seus melhores seguidores.

[3] Lembro que rolou nas redes uma ligação de Moraes com o PCC. Ok, as agências de checagem dizem que é falso. De qualquer forma esse artigo aqui acrescenta algumas informações importantes sobre Moraes.

[4] Reportemo-nos aos recentes casos da agressora de Jundiaí a uma funcionária da HAVAN e à procuradora  do Maranhão esfaqueando um boneco representando Bolsonaro.

[5] Um pequeno exemplo desta “dissonância cognitiva” você pode ver aqui.

[6] Holodomor é como ficou conhecido o genocídio pela imposição da fome comandado por Stalin nos anos 1932 e 1933. Por coincidência vi há dois dias um bom filme (não lembro o título) na Netflix sobre a Rússia de Stalin, com Robert Duval no papel principal.

[7] Até André Mendonça, indicado por Bolsonaro, votou pela prisão de Daniel Silveira!!! 



terça-feira, abril 05, 2022

A INACEITÁVEL PERDA DE PODER ou A REAÇÃO DE UMA OLIGARQUIA DERROTADA

Oligarquia: regime onde o poder é exercido por um pequeno grupo de pessoas pertencentes a um mesmo partido, classe ou grupo.  

Cleptocracia: regime onde o poder é exercido por ladrões.

  

Todo grupo que se apodera do poder político é oligárquico e cleptocrático – em menor ou maior intensidade -, mas raramente podemos chamá-lo de "pequeno". As razões são muitas e não tenho capacidade/conhecimento para explorá-los e sintetizá-las todas, nem mesmo acho que interessaria ao Leitor tal digressão. Mas é básico perceber a realidade histórica de que todo poder governamental visa se perpetuar e se valer da apropriação indébita dos impostos para proveito dos oligarcas de primeira classe e de um contingente de privilegiados de segunda classe que recebem benesses para mantê-los na defesa e sustentação dos primeiros – são os conhecidos “inocentes úteis”. As oligarquias, portanto, se constituem obrigatoriamente de dois grupos oligárquicos  complementares, simbióticos, que vou rotular de "ativo" e "passivo", respectivamente. O grupo ativo é o que exerce o poder político conquistado através de discursos demagógico-utópicos de promessas para não serem cumpridas. O grupo passivo é o que sustenta o ativo, composto pelos integrantes do “establishment” – servidores públicos em todas as instâncias – que se beneficiam de privilégios a que a população não tem direito –, e por todas as pessoas físicas e jurídicas capacitadas a prestarem serviços ao governo, qualquer governo, e que não se importam com qual seja o pensamento político desde que elas se mantenham beneficiárias do destino dos recursos do Tesouro Nacional. A principal característica dos agentes passivos é sua flexibilidade e resiliência às circunstâncias, se adaptando ao modus operandi de quem detém o poder político. Mesmo servidores militantes mudam de lado rapidinho desde que tudo “permaneça como antes...” em seus holerites e “direitos adquiridos”.,  É do jogo! É um fato. Portanto, sem crítica.

Uma vez no poder, os oligarcas passam a reger tanto os destinos da nação, quanto os nossos destinos particulares, pois praticamente todos os governos republicanos do Brasil tiveram um pendor irresistível para o estatismo e a preservação dos privilégios com o chapéu dos contribuintes. Entre estes temos subsídios a setores da economia, contratos superfaturados, salários dobrados em relação à média de mercado acrescidos de penduricalhos a título de  "ajuda de custo", aposentadoria integral, direitos vitalícios etc.

E aqui chego ao busílis desta postagem: Bolsonaro que, uma vez eleito cumpriu e cumpre com promessas de campanha – as que não cumpriu é porque não deixaram – como a de mandar para a rua a oligarquia aboletada por mais de 20 anos no phoder, foi além e simplesmente ignorou as regras de até então, quebrou paradigmas, e rompeu com os oligarcas ativos, e parte dos passivos, de modo radical, mas não com todos os passivos, pois a maioria destes está no serviço público e serão necessários alguns anos para que o processo de substituição se concretize. Não sem razão, portanto, Bolsonaro vem apanhando, nestes mais de 39 meses de governo, de todos os atingidos: dos "Supremacistas Ungidos do Talibã Federal"; dos Sinoadores, comparsas protetores dos Iluministros e depostos de seus currais financeiros; da esquerda corrupta (caviar ou mortadela) sonhadora com uma boquinha no “sistema”; daqueles que se servem do público em lugar de servir o público; da mídia saudosa do gordo leite das tetas federais e minguando em audiência e relevância por conta da digitrônica;  de outros sanguessugas do Estado espalhados por todas os setores e regiões do país; et caterva. Que ninguém subestime, portanto, a quantidade de gente e instituições que “odeiam Bolsonaro”[1]!!!


Os princípios praticados pelo Presidente para acabar com a putaria generalizada, desencadeou reação e união inevitáveis dos defenestrados que “precisam destruir"[2] Bolsonaro. São muitos, cito apenas uns tantos para dar a dimensão do exército de vitimados perdedores: Marinhos, Frias, Moreira Sales, Marisas, Anittas, artistas carentes de Rouanet, integrantes da intelligentsia nacional infiltrados em todos os espaços da cultura, empresários assumidos corruptores processados pela Lava-Jato, políticos populistas que perderam o controle de verbas, "capitalistas" de meia tigela, na verdade rentistas de olho em inflação e juros altos, e, lamentavelmente, uma juventude submetida à lavagem cerebral com escovão feito de Marx e sabão Gramsciano, sem ter um bit de conhecimento do estrago feito ao país desde a hipócrita Constituição de 88 e muito menos do extermínio em massa que psicopatas como Lênin, Stalin, Mao e outros perpetraram em nome da imposição da "verdade" deles sobre a verdade de cada cidadão, corrompendo a integridade do indivíduo, principalmente, sobre os mais humildes e incultos. Enfim, todos os esquerdistas, pretensos esquerdistas, esquerdistas de oportunidade, de ocasião, todos bajuladores do maior corrupto do Brasil, condenado, descondenado e tornado elegível por um artifício jurídico aplicado pelo "Iluministro" militante petista.

 

É claro que a natureza tosca das falas de Bolsonaro não condiz com o que se espera de um estadista, mas quem disse que tal status intelectual é necessário para se eleger Presidente? Deixemos isso para os diplomatas do Instituto Rio Branco. A Constituição brasileira não faz qualquer exigência neste sentido. A prova é o próprio 9Fingers que sempre se gabou de não ter paciência para ler!!! Alguns atribuem inabilidade de comunicação de Bolsonaro com a elite (será? Ou é só despeito dos “perdedores"?). Se seu vocabulário é o do povo, é porque do povo veio, ao povo se dirige. Isto os falsos puristas e moralistas não suportam, a ponto de se avocarem o direito democrático de tirar Bolsonaro da presidência, sob o perigo “dele ficar mais 4 anos”[3]. E jornalistas ainda se sentem “incomodados” por seu pavio curtíssimo para aqueles que fazem perguntas capciosas e tentam aplicar armadilhas retóricas. Sim, se fosse outro seria mais polido, mais tolerante, mais cortês. Mas aí não seria Bolsonaro. Aí não seria alguém que fez o que fez. Aí teríamos continuado afundados na lama da roubalheira. A prova de que há um movimento coordenado para desestabilizar a governança e, por objetivo maior, derrubá-lo da presidência, é o fato gritante de que hábitos e falas grosseiras, rudimentares, do ex-sindicalista que ficou na presidência por 8 anos, não ensejarem a menor reação da grande comunidade de perdedores das benesses do poder.

 

"Perdeu mano!" Essa recusa em aceitar a derrota - típico de quem odeia democracia -, esta intenção de rebelião antidemocrática, neuroticamente apoiada na repetição paranoica, cognitivamente disfuncional de que Bolsonaro ameaça a democracia, é acusado de autoritário quando é quem pede respeito à Constituição, que é um genocida, mas que socorreu milhões de brasileiros distribuindo auxílio emergencial durante a pandemia, mostra que, realmente nossa democracia está realmente em perigo porque está sob ataque de ex-integrantes de uma oligarquia  cleptocrática, derrotada, contrariada e, agora, amotinada pela inaceitável perspectiva de continuar longe do phoder.  

 

2022! 2 passos à frente, nem 1 passo atrás!



[1] Dia desses alguém me disse que odeia Bolsonaro porque ele é autoritário. Quando retruquei perguntando para listar duas ou três atitudes autoritárias dele, recebi a seguinte resposta: “Não vou lhe responder” e repetiu “Não vou lhe responder”.

[2] Nas “belas” sincericídias palavras de Ciro Gomes.

[3] Idem.

domingo, março 27, 2022

LEONARDO DA VINCI (1452/1519)

No canal Homem de Honra, no Youtube, achei um vídeo com diversos pensamentos/opiniões de Leonardo Da Vinci. Selecionei o que tem ligação com nossa realidade e acrescentei um pequeno comentário

"O estudo sem desejo estraga a memória e não retém nada do que absorve."

[Este se aplica ao volume de informação que nos empurram pelas redes sociais?]


"Nada fortalece tanto a autoridade quanto o silêncio."

[Hummm!!! Será que estamos silentes?]


"Eu amo aqueles que podem sorrir em apuros, que podem sentir força na angústia e se tornar corajosos pela reflexão."

[Estamos refletindo sobre o que acontece no phoder? Falta-nos coragem para reagir?]


"A maior decepção que os homens sofrem é com suas próprias opiniões."

[Penso que muitos deveriam estar deixando de serem ventríloquos de falas alheias e criarem suas próprias visões e opiniões.]


"É mais fácil resistir no começo do que no final."

[Há que agirmos agora, antes que amarguemos uma covardia que nos condenará.]


"Perceba que tudo se conecta a todo o resto."

[STF com TSE, Senadores com Ministros do Supremo, Sindicatos com ONGs, Magalu com PT, artistas com Lei Rouanet, grande mídia com verbas públicas, jornalistas com manutenção de seus empregos, ...]


"Todo conhecimento tem origem em nossas percepções."

[Mas nossas percepções são obtidas somente dos fatos que "eles" querem nos apresentar e como querem apresentar. Fique esperto.]


"Acordei apenas para ver que o resto do mundo ainda estava dormindo."

[Eu me sinto assim, mas estou tentando fazer algum barulho para tirar um ou outro do sono, porque já é hora de acordar.]


"Nada pode ser amado ou odiado sem antes ser conhecido."

[Esta é a mensagem para aqueles que dizem (e me disseram) que "odeiam" estando tão distante do conhecimento do alguém odiado quanto uma formiga de Alfa Centauri.]


"Não punir o mal equivale a autorizá-lo."

[É o que nossos iluministros vêm fazendo há mais de 3 anos.]


"Pobre é o aluno que não supera seu mestre."

[Desesperador saber que os jovens de hoje são impedidos/proibidos de se arriscarem a ser melhor que seus "mestres".]


quinta-feira, março 03, 2022

PARA O BEM DOS MEUS DESEJOS

"Quando o sol da cultura está baixo, até os anões lançam longas sombras."

Karl Kraus, dramaturgo, jornalista, ensaísta, aforista e poeta austríaco. 

 Assista este breve vídeo antes de ler o artigo.


Não tenho dúvida de que aqueles que imaginam existir uma alternativa estão praticando uma cegueira voluntária, tal como Étienne de Lá Boétie[1] visualizou a servidão de um povo em algum momento de sua História. Não fazem por mal, não fazem por burrice, nem mesmo por falta de informação. É tão somente uma recusa em enxergar fatos que possam provar que estão errados. É humano, pois reconhecer que se passou anos acreditando em uma mentira fere dolorosamente o orgulho. Poucos são aqueles que conseguem superar o sentimento de vergonha interior que isso causa.


Tal como em outros países, periodicamente somos convocados a exercer o direito, e no nosso caso, a obrigação de votar, mas aqui acontece um fenômeno que há muitos anos vemos no comportamento de eleitores que proclamam estarem cansados, frustrados, decepcionados com a política e os políticos. No dia da eleição, uns nem saem de casa, pois são os que “não gostam de política” e irão compor a taxa de abstenção (eles apenas esquecem que viverão sob as decisões dos que forem eleitos pelos que gostam). A outra parte até se dirige à seção eleitoral, mas imbuídos de uma rebeldia adolescente, ilógica e hipócrita. Entre estes, há os que se “eximem de responsabilidade” e votam em branco, ou anulam o voto digitando um número inexistente na lista de candidatos. No passado, quando escrevíamos o nome do candidato em uma cédula, alguns votavam em personagens fictícios como o “Cacareco”[2] em 1959. Com o fim das cédulas, os rebeldes passaram a dar o voto a personagens reais, mas folclóricos, como Tiririca, Juruna, e Alexandre Frota, o ator de filmes pornográficos, ou até mesmo em indivíduos de conhecida e extensa ficha corrida[3]. Neste 2022, depois de constatar que a aposta em 9Fingers é como comprar carro usado do “maior corrupto que este país já teve”, os perdedores inventaram uma terceira via - uma ideia-panaceia salvadora - na esperança de conseguirem enfiar na goela de quem possa estar com Tico & Teco em recesso e assim angariarem uma quantidade de votos que os elejam.

Feita esta necessária introdução, vamos à franqueza amarga e cínica de Ciro.

Em sua fala podemos identificar algumas informações absolutamente relevantes para avaliarmos o que está acontecendo especificamente no Brasil (abstraindo de fatores externos). A mais importante, obviamente, é a afirmação de que “temos de destruir Bolsonaro”. Nossas instituições estão tão absurdamente degradadas, apodrecidas, que um pré-candidato à presidência faz, este sim, um grave ataque aos princípios democráticas e o distribui em vídeo na Grande Rede sem que nenhuma entidade de governo ou privada, ou mesmo um cidadão de reconhecida credibilidade, venha a público rebater a absurda agressão a todos os cidadãos brasileiros. Este é o ponto, porque acusá-lo de estar promovendo um ataque ao Estado Democrático de Direito como, principalmente, nossos iluministros gostam de dizer, e pelo menos enquadrá-lo no “inquérito do fim-do-mundo”, não cabe, pois Ciro integra a lista dos possíveis escolhidos a sentar na terceira cadeira ou a entrar nas hostes de lambe-botas do decrépito, e claramente senil, 9Fingers, o “Sleeping Jo” dos trópicos. Nunca “na história deste país” vale tanto a regra do aos amigos todos os direitos e liberdades; aos inimigos a lei, e/ou a lacração, e/ou o cancelamento, e/ou a desmonetização, e/ou a prisão, ou tudo isso e mais umas bordoadas no cárcere.


Foto de comemoração do "acordão".
“Nós temos que destruir Bolsonaro” é o maior e mais claro ataque, este sim, às instituições democráticas. Maior até mesmo que o de Barroso ao criminalizar qualquer debate sobre a segurança das urnas eletrônicas. E quando ele usa o pronome “nós”, está querendo arrebanhar todas as vertentes do pensamento político que não se afinam com o liberalismo e o conservadorismo, ambos representados por Bolsonaro. Óbvio que fazem isso em proveito próprio! Tal construção fraseológica mostra o estado de total desespero dos perdedores de 2018, e é uma convocação para que todos se unam e, temporariamente, passem ao largo de todas as suas diferenças (afinal, é por um objetivo maior!). O que Ciro está vendendo é que 9Fingers está morto (só não deixam ele saber)[4] e, ipso facto[5], rei morto, rei posto, e “eu me apresento”. Na minha percepção, portanto, em prol da “destruição de Bolsonaro” está em processo um grande acordão, onde cada um (candidatos e partidos, a maioria abdicando de concorrer) irá apresentar/negociar suas “demandas” e, de acordo com as pesquisas, irá escolher quem concorrerá a que - na improvável vitória, todos serão aquinhoados com o atendimento ao que foi previamente estabelecido.

O que também precisa ser analisado, é a frase complementar “se não ele fica aí 8 anos!!!”. Esse é o desespero: ficar mais 4 anos à mingua, quiçá mais possíveis 8 anos! Eles precisam destruir Bolsonaro. É questão de vida ou hibernação por mais 12 anos! O instituto da  alternância de poder defendido por alguns democratas, significa para Ciro um “teatro das tesouras”, onde agora é minha vez, depois você, e depois eu “traveiz”. Repito, não se surpreenda se fizerem de tudo para acabar com a reeleição via um casuísmo qualquer a partir de já. Depois eles desfazem o feito. Tenho a impressão que estão até dando uns caraminguás para quem trouxer ideias para impedir Bolsonaro de ser candidato. Tentaram atribuir irregularidades na campanha da chapa Bolsonaro/Mourão; tentaram a CPI da COVID; impetraram mais de uma centena de pedidos de impeachment;  nada colou. Até aqui.

A intenção de votar numa terceira via, portanto, é brincar com as consequências de um regime corrupto-socinista. Alguém pode argumentar que nos quase 30 anos de regime liderado pela esquerda não foi tão ruim assim. Na superfície, com certeza. Na profundidade sequestraram a nação para satisfazer desejos próprios e você só está se dando conta agora. Foi um trabalho de profissionais do crime organizado, cujo único intelectual que denunciou o estrago que estavam fazendo na cultura foi Olavo de Carvalho[6]. É preciso entender que a geração que está em idade para chegar ao poder político foi “cultivada”, “prostituída” no “atrasismo”[7] das ideias do presidiário Gramsci, hoje um defunto exaltado no Brasil e... sei lá mais onde!. PSDB e PT sabiam o que estavam fazendo, no que estavam investindo (Olavo ressaltou que para eles "é mais importante solapar as bases morais e culturais do adversário do que ganhar votos"). Revolução do pensamento se faz dominando a cultura, no silêncio pra ninguém perceber. Os “produtos” humanos desta fábrica já estão aí, prontos e mal acabados,  agora precisam ir a mercado a preços módicos. Só isso. 

Encerrando, quero aproveitar para tratar um pouco da questão do controle da mídia insistentemente proclamado por 9Fingers, para desespero da claque petista. Controlar  que é dito ao povo sempre foi central para os governantes, mas depois do advento da era digitrônica, gerenciar/censurar a profusão de conteúdo e canais se tornou um processo sofisticadíssimo. Nós estamos muito assanhadinhos com o “poder de fala” que adquirimos. Quando tudo pode ser não só questionado, mas imediatamente questionado e propagado, controlar todas as mídias quanto ao que pode ou não pode ser falado, deve ou não deve ser publicado, é instrumento essencial para a permanência no phoder. “Malditas sejam as redes sociais”, vociferam os desejosos de poder absoluto. Os grandes players do mercado da comunicação no Brasil estão calados frente às ameaças de 9Fingers pelo simples fato de que pouco importa o que publicam, o que eles querem é o dinheiro do Estado, seja o dono do veículo, seja o profissional das redações. Esse negócio de liberdade de opinião é falácia para embalar povo, veículos de comunicação se lixam pra isso. Basta lembrar os quase 200 jornalistas da Folha que assinaram uma “carta aberta à direção”[8] pedindo a censura do que não querem ver publicado, como as opiniões expressas em um artigo do historiador Antonio Risério, que lembrou o óbvio: existem negros que praticam racismo contra brancos! E neste exemplo real se revela o cruel mundo que se avizinha: jornalistas não se importam em vir a ser censurados pelo Estado, pois entendem ganhar aval para censurarem o que bem desejarem, para o bem de $eus$ desejos.

É isso. Fique mais atento e, se for o caso, coragem para reconhecer eventuais avaliações erradas passadas.


2022! 2 passos à frente, nem 1 passo atrás!


[1] Conheça aqui o “Discurso da Servidão Voluntária”.

[2] Saiba quem foi neste link.

[3] Em 2018, foram cerca de 147 milhões de eleitores, sendo que na eleição para presidente só foram computados votos de 73% deles. 40 milhões de eleitores, de algum modo, não exerceram o voto.

[4] Se você não concorda com essa minha percepção, veja este pequeno vídeo.

[5] Expressão latina que significa “como consequência natural desse fato”.

[6] Em “A Nova Era e a Revolução Cultural” ele diz: “Um grupo de ativistas sem escrúpulos apropriou-se dos meios de difusão cultural para fazer deles o trampolim de suas ambições políticas, fechando os canais por onde pudessem fazer-se ouvir as vozes adversárias e impondo a todo o País a farsa gramsciana da “hegemonia”.

[7] Essa é minha proposta para rotular mais apropriadamente a filosofia da esquerda que se autodefiniu como “progressista” quando o pacote de ideias que apregoam só resultariam, se implantada, num grande atraso civilizacional.

[8] Acesse esta matéria do Jornal da Cidade sobre o evento.

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LEMBRE-SE: 

O objetivo principal deste blog é expor a hipocrisia que nos cerca e envolve, nos cega e conduz, e nos ajuda a tocar a vida de um jeito "me engana que eu gosto".

terça-feira, fevereiro 22, 2022

HUMANOS DESUMANOS


Hoje não tem texto meu, pois organizando arquivos no computador, encontrei "Extratos de Revista Piauí 2018" contendo notas extraídas de artigos publicados naquele ano e um de jan/2019 (época em que ainda era uma publicação que valia a pena ler). Todos os artigos contêm reflexões que podem ajudar a entender melhor com o que estamos convivendo e fazer um exercício sobre quais poderão vir a ser as consequências para nossa vida em futuro próximo.

Chamo atenção para as notas do artigo "O pior está por vir", de Anne Applebaum, uma jornalista e historiadora americana. Ela conta algumas coisas sobre política no período em que viveu na Polônia.

O último artigo, de jan/2019, "Genocídio no Brasil", é do jornalista inglês Norman Lewis.  É uma reportagem publicada no Sunday Times Magazine em 1969, e depois publicado no livro A View of the World, pela editora Eland. Não o deixei por último à toa. Ele é a comprovação categórica da possível natureza desumana que podemos incorporar. Ao reler minhas notas um frio percorrendo a espinha foi inevitável.  Ao tentarmos descobrir as causas de tanta desumanidade em alguns humanos (desumanidade esta presente em toda a história de nossa civilização), somos levados a refletir sobre quais podem ser as razões de muitos de nós ser levado a agir com tamanha agressividade nas redes sociais. Eu NÃO recomendo a leitura por gente mais sensível.

Mas fora este último, creio que o Leitor vai poder viajar em reflexões relevantes.

 

Bom proveito!

 

 DEZEMBRO/18

 Artigo: El Salvador – a respeito da força e da fragilidade

Por: João Moreira Salles

Paul Ricoeur, pensador francês, em “O único e o Singular”: “Onde há poder, há fragilidade. E onde há fragilidade, há responsabilidade. Quanto a mim, diria mesmo que o objeto da responsabilidade é o frágil, o perecível que nos solicita, porque o frágil está, de algum modo, confiado à nossa guarda, entregue ao nosso cuidado.”

A desatenção é a primeira etapa da violência.

Alan Jacobs: “Nós que vemos o outro nas garras da aflição, nós somos obrigados, primeiro e acima de tudo, a prestar atenção”.

Ainda Jacobs: “Na ausência de empatia vem o descuido (na melhor hipótese) ou a selvageria (na pior).”

E: “A tentação do excesso é que é quase irresistível.”

Submetidos às tensões que o retiram da morada em que se sentiria amparado, não resta ao indivíduo desenraizado senão pensar segundo os termos de que dispõe, ou seja, os da violência e da força.

De um velho reitor da Universidade de Chicago: se êxito for a medida da justiça, o justo estará sempre do lado de quem tiver mais batalhões.

 

NOVEMBRO/18

Artigo: O Pior Está Por Vir


Por: Anne Applebaum (Americana, jornalista e  historiadora, casada com diplomata polonês)

Naquele momento (celebração de ano novo dez/1999), com a Polônia na iminência de se integrar ao Ocidente, tinha-se a impressão de que torcíamos todos pelo mesmo time. Concordávamos sobre a democracia, o caminho para a prosperidade, o rumo que as coisas estavam tomando.

Aquele momento passou. Decorridas quase duas décadas, cheguei a mudar de calçada para evitar algumas das pessoas que celebravam o ano 2000. por sua vez, elas não só se recusavam a entrar na minha casa como tinham vergonha de admitir que um dia a frequentaram. Na verdade, cerca de metade dos convidados nunca mais falaria com a outra metade.

Dadas as devidas circunstâncias, qualquer sociedade pode se voltar contra a democracia. Alias, a julgar pela história, todas as sociedades acabarão por fazê-lo.

Duas décadas atrás, diferentes interpretações de “Polônia” também já deviam estar presentes, à espera do momento de vir à tona, conforme as circunstâncias e em razão de ambições pessoais.

A quem cabe definir uma nação? E a quem, por conseguinte, cabe conduzir uma nação?

Monarquia, tirania, oligarquia, democracia: tudo isso era familiar a Aristóteles, há mais de 2 mil anos. Mas o regime antiliberal do partido único, ora encontrado em todo canto do mundo – considere-se a China, a Venezuela, o Zimbábue -. foi pela primeira vez desenvolvido por Lênin, na Rússia, a partir de 1917.

[Lênin será lembrado] não por suas convicções marxistas, mas por ter inventado esta persistente forma de organização política. Ela é o modelo pelo qual se pautam muitos dos autocratas hoje em ascensão no mundo.

Diferente do marxismo, o regime leninista de partido único não é uma filosofia, é um mecanismo para deter o poder. Ele funciona porque define claramente quem vem a ser a elite – a elite política, a elite cultura, a elite financeira.

O regime unipartidário bolchevique não era apenas antidemocrático: era também não competitivo e não meritocrático. Vagas nas  universidades, empregos no funcionalismo público e postos no governo e na indústria não cabiam aos mais diligentes ou aos mais capazes: cabiam aos mais leiais.

Como escreveu Hanna Arendt nos idos da década de 40, o pior tipo de regime unipartidário “invariavelmente substitui todo talento, quaisquer que sejam suas simpatias, pelos loucos e insensatos cuja falta de inteligência e criatividade é ainda a melhor garantia de lealdade”.

Ressentimento, inveja e, sobretudo, a crença na injustiça do “sistema” são sentimentos importantes entre os intelectuais da direita polaca.

A experiência fez com que Jaroslaw se desse conta de que não gostava de política, em especial da política do ressentimento: “Eu entendi o que era de fato fazer política: promover intrigas terríveis, vasculhar sujeira, fazer campanhas difamatórias.”

O apelo emocional de uma teoria conspiratória está em sua simplicidade. Ao explicar fenômenos complexos, esclarecer acasos e acidentes, ela propicia a sensação gratificante de se ter acesso privilegiado ou especial à verdade.

O apelo do autoritarismo é eterno.

O escritor venezuelano Moisés Naím visitou Varsóvia poucos meses depois que o Lei e Justiça [partido de direita] chegou ao poder. Pediu-me que descrevesse os novos dirigentes polacos: Pessoalmente, como eram? Enumerei alguns adjetivos: “raivosos”, “vingativos”, “rancorosos”. “Parecem”, ele disse, “ser iguaizinhos aos chavistas.”

Mais cedo ou mais tarde os perdedores contestarão o mérito da competição em si.

O regime autoritário ou mesmo o semi-autoritário – o regime de partido único, antiliberal - propiciam essa esperança: de que a nação será conduzida pelas melhores pessoas, as que merecem mandar, os quadros do partido, os que acreditam na Mentira de Médio Porte. Para tanto pode ser preciso subjugar a democracia, corromper a atividade empresarial ou arrasar o sistema judiciário. Mas nada disso é impossível para quem julga estar entre os que merecem mandar.

 

OUTUBRO/18

Artigo: Minha Fraqueza – Anotações desordenadas sobre a condição feminina

Por: Margarita Garcia Robayo

A subjetividade existe para além da consciência que possamos ter dela.

 

Artigo: Uma viagem de psilocibina – Eu tinha decidido me entregar a esse grande cogumelo

Por: Michael Pollan

Eu tinha no meu notebook um vídeo curto de uma mascara girando, usado num teste psicológico chamado ilusão da mascara côncava. Enquanto a mascara gira no espaço, o lado convexo se move para revelar o verso côncavo, e algo incrível acontece: a mascara oca parece saltar para se tornar convexa de novo. Esse é um truque produzido pela nossa mente, que presume que todo rosto é convexo, e então automaticamente corrige o que parece um erro – a menos que, como um neurocientista me disse, você esteja sob a influência de uma substancia psicodélica.


SETEMBRO/18
Artigo: Arquitetura do nevoeiro – A sobreposição explosiva de opacidade e nitidez, incerteza e convicção, no tempo da “pós-verdade”

Por: Guilherme Wisnik

Além de ser um riquíssimo espaço de pesquisa e de conhecimento em potencial, o ciberespaço é também – como meio de comunicação e integração – um “lugar” no qual as pessoas expõem muito menos dúvidas do que certezas.

Progressivamente mapeado e decodificado, o mundo se oferece a nós em imagens cada vez mais nítidas, nas quais as dúvidas e ambiguidades, ou zonas de sobras e incertezas, vão sendo apagadas.

De um lado, a opacidade  no que diz respeito à compreensão geral das coisas e à nossa capacidade de nos situarmos individual e coletivamente em um sistema-mundo globalizado que se tornou impalpável e especializado de mais. De outro, a nitidez excessiva no trato mais objetivo e cotidiano com as informações, promovida pelo aumento de acessibilidade, da proximidade e da ubiquidade. (...) É dessa imbricação estranha, explosiva e aparentemente contraditória entre nublamento e nitidez que surge o fenômeno da “pós-verdade”, com as fake news e a apropriação de formas discursivas da esquerda por grupos de direita.

Busca-se uma espécie de supernitidez do involuntário, da revelação inconsciente. E não seria essa a ilusão última trazida pelo árbitro assistente de vídeo (VAR) na Copa do mundo de 2018? A crença cientificista, de fundo messiânico, em uma verdade ultima a ser revelada por meio da aparelhagem-oráculo, redimindo o jogo de todas as ambiguidades, assim como das imperfeições humanas do arbitro?

Ao registrar o mundo com potentes lupas e microfones, a aparelhagem contemporânea consegue trazer à tona camadas antes ocultas da realidade, expondo-as como verdades finalmente reveladas.

Georges Bataille: “É sob a forma de catedrais e de palácios que a Igreja e o Estado se dirigem e impõem silencio às multidões.”

As informações têm que ser mantidas em constante movimento, pois os atributos que constituem a sua razão de ser e lhe conferem valor são a circulação e o intercambio. (...) é a informação que gera preço. O que, por sua vez, cria novas decisões de compra e, portanto, mais informação circulando de forma cada vez mais ágil.

Coletivo de design holandês Metahaven: “O enorme sucesso da nuvem é fornecer todas as coisas ao mesmo tempo.”

O que nos faz pensar que as raízes anarcolibertárias da internet estão sendo em grande medida cooptadas e invertidas por essa centralizada arquitetura de poder, baseada em sistemas fechados e caixas-pretas, que reprime, como argumenta Jonathan Zittrain, a capacidade generativa e inovadora da web.

Quantidades incalculáveis de mensagens e arquivos anexos são armazenados na nuvem a fundo perdido, por tempo indeterminado, ocupando “espaços” cada vez maiores e mais pesados. Toneladas de fotos de férias passadas, que nunca mais serão vistas por quem as fez nem por ninguém ficam guardadas, flutuando num futuro do pretérito imponderável, que constitui um lixo digital problemático em nossa sociedade arquivística.

O arquiteto Ram Koolhaas criou o conceito de junkspace como definição cáustica do mundo urbano atual. O junkspace, “é o resíduo que a humanidade deixa sobre o planeta”. Pois “o produto construído [...] da modernização não é a arquitetura moderna, mas antes o junkspace”. Isto é, aquilo que “sobra depois que a modernização terminou seu curso ou, mais precisamente, o que coagula enquanto a modernização está em progresso, seu efeito colateral”.

O junkspace é a forma física assumida por um mundo que desfez as fronteiras entre trabalho e lazer, ou entre o escritório e a vida doméstica, congelando-se numa espécie de sexta-feira informal interminável. (...) É em nome do acesso permanente à informação que aceitamos ser despojados de toa a nossa privacidade, tornando-nos cúmplices no rastreio das impressões digitais deixadas por nossas transações.

[Estamos em um] universo de fingimento e ficção baseado na naturalização de realidades ilusórias, a chamada “hipernormalização”. Exemplos atuais disso são as fake news e os ambientes de bolhas das redes sociais, nos quais se reúnem pessoas de opiniões coincidentes, que têm a falsa impressão de que seus ideais refletem a realidade da maioria da sociedade.

 

AGOSTO/18

Artigo: O Anjo Redentor (Doutor em Ciências Sociais pela PUC/RJ)

Por: Antonio Engelke

Padilha: “As ciências sociais não dispõem de modelos teóricos que incorporem, ao mesmo tempo, variáveis políticas, econômicas, tecnológicas, geográficas, climáticas e culturais. E é obvio que qualquer dessas variáveis pode alterar drasticamente a evolução de uma sociedade. Processos sociais são, pura e simplesmente, complexos demais para serem modelados.” (...) “A verdade é que todos os grandes dogmas da esquerda e da direita são mitos.”

Dizer que a espoliação sistemática da Petrobras tem a mesma origem e características que a “cervejinha do guarda”, reduzindo ambos os fenômenos a uma essência comum que os constituiria, não nos ajuda a compreender nem a dinâmica do saque à estatal, nem a do drible à multa de transito.

Foi o regime militar que deu força econômica e política às construtoras, pois os contratos recebidos permitiram às empreiteiras tornarem-se multinacionais e ampliarem suas atividades para outros ramos.

Mas, se o mecanismo determina em última instância o modo de funcionamento da política, ficamos sem ter como explicar os muitos avanços de nossa democracia. Segundo a lógica de Padilha, iniciativas como a Lei de Responsabilidade Fiscal, a expansão da Controladoria-Geral da União ou a autonomia funcional do Ministério Público só poderiam ser deslizes ou cochiladas eventuais do mecanismo.

[Ele defende um] processo constante de aperfeiçoamento de arranjos regulatórios.

O filme veio saciar os anseios vingativos de uma população historicamente avessa aos direitos humanos, estressada pela violência cotidiana e, por isso, predisposta a aplaudir uma autoridade vista como impiedosa e incorruptível.

[Ele atribui a Tropa de Elite a intenção de condenar] a própria atividade política, vista como o inimigo cuja eliminação possibilitaria o estabelecimento de uma ordem social pacificada.

A obra de Padilha pode ser lida como uma das muitas respostas que vêm ganhando força em face da sensação de falência da representação democrática – populismo xenófobo de direita, populismo estatizante de esquerda, fascismos, anarcocapitalismo etc.

Narrativa simbólica que é, o mito político coloca em suspenso o problema da verdade.  (...) O mito político confere um sentido às circunstâncias que envolvem os indivíduos.

O mito convence justamente porque não aparece como discurso racional de persuasão.

Freud observa que o vínculo entre o indivíduo e o líder é de “enamoramento”. (...) O sujeito admira não tanto o líder em si, mas a projeção de sua imagem, idealizada, livre de qualquer desvio ou impureza.

O recalque em jogo é o do fantasma da servidão voluntária: narrativa mítica que permite ao indivíduo abandonar a própria autonomia em favor do Redentor, mas sem experimentar isso como submissão opressiva ou alienante.

A servidão voluntária atinge o sentimento de democracia, a democracia como uma forma de vida, na medida em que nega seus pressupostos de autonomia e participação popular.

Moro (ao lado de Lula) é atualmente a encarnação mais poderosa do mito do Redentor, razão pela qual as contradições de seus atos não despertam muito questionamento na esfera pública.

Não há registro de cruzada punitivista que, em nome da luta contra a corrupção, tenha sido bem-sucedida e feito terra arrasada do jogo político.

Todo discurso sobre redenção é também um discurso sobre a fragilidade da condição humana.

 

JUNHO/18

Artigo: Junho, Ano V

Por: Marcos Nobre

O que ocorre atualmente no mundo é um ajuste político global. Movimentos regressivos como os que vemos atualmente são tentativas de controlar mudanças de fundo, que são as que mais resistem ao controle.

Uma das maneiras de os sistemas políticos manterem o controle da transição é dando inicio a guerras, ditaduras e experiências neofascistas.

Uma das formas da convivência conflituosa é a que poderia ser caracterizada na fórmula adversários-parceiros.

Em sua luta pela sobrevivência, os sistemas políticos construíram uma estratégia sólida de chantagem: fundiram-se aos Estados nacionais. (...) Pretendem apagar qualquer diferença entre Estado, governo e Parlamento. (...) Só que, com a rejeição generalizada aos sistemas políticos tal como eles funcionam, essa simbiose resultou até agora em um abraço de afogados, em uma crise de legitimidade da ação do Estado.

Quem se beneficia direta e indiretamente de políticas públicas decisivas para manter sua posição social não vê nenhuma contradição em malhar o mesmo Estado de cuja ação se beneficia.

A ideia de uma renda básica universal, até pouco tempo debatida somente em círculos acadêmicos restritos, seja agora parte da agenda internacional.

Não haverá rede de proteção para todo mundo, não haverá cidadania para todo mundo.

A democracia não se democratizou, mas durou tempo suficiente para fazer surgir na sociedade divisões antes reprimidas ou mantidas invisíveis.

Nação, população e território deixaram de coincidir no imaginário político. Cada grupo tem a sua nação, incompatível com a nação do grupo vizinho.

[Esta] Será, portanto, uma eleição em que vão se conjugar a rejeição generalizada e difusa ao sistema político com a blindagem desse mesmo sistema político contra essa rejeição. Do lado do sistema político, será uma eleição que concede grande vantagem às maquinas partidárias. Do lado do eleitorado, tende a ser uma eleição com altos índices de abstenção e de voto brancos e nulos. Da parte do sistema político, tende a ser uma eleição com baixas taxas de renovação efetiva de representantes.

A cúpula do sistema político parece convencida de que alguma mudança de relevo é necessária, e apenas pretende que, dentro do possível, sejam os mesmos personagens da atual política que façam a mudança.

 

Artigo: A Nova Memória Coletiva

Por: José Roberto de Toledo

A praticidade matou a privacidade, e vai continuar matando.

Quanto mais tecnologicamente prática a vida se torna, menos privada ela é. Pergunte ao seu celular.

 

Artigo: O Grau Zero da Linguagem

Por Salman Rushdie

A passagem do tempo muitas vezes altera o significado de um fato. À época do Império Britânico, a revolta militar de 1857 na Índia ficou conhecida como “motim indiano” (...). Hoje, os historiadores indianos se referem ao acontecimento como uma “revolta” (...). A história não é escrita na pedra. O passado é constantemente revisado, em consonância com os pontos de vista do presente.

Em toda a obra de Jane Austen, as Guerras Napoleônicas mal são mencionadas; na obra imensa de Charles Dickens, a existência do Império Britânico só é reconhecida de passagem.

Como resistir à erosão da aceitação pública até mesmo de “fatos básicos”, fatos científicos e comprovados sobre (por exemplo) as mudanças climáticas e a vacinação infantil?

 

POESIA

Autor: Abbas Kiarostami (1940-2016)

 

Na tua ausência

converso

contigo,

na tua presença

converso comigo.

 

Hesitante

estou numa encruzilhada,

o único caminho que conheço

é o caminho da volta.

 

Aos olhos dos pássaros

o ocidente

é onde o sol se põe

o oriente

onde o sol nasce,

apenas isso.

 

 

MAIO/18

Artigo: O Herdeiro (sobre Guilherme Boulos)

Por: Fabio Victor

[Para o MTST] Só tem direito a pleitear moradia quem participa dos atos até o fim. A prática consta no regimento interno do MTST, segundo o qual “o critério principal para a conquista de moradia é a participação nas lutas e assembleias”.

 

Artigo: A guerra do PCC

Autor: Allan de Abreu

A facção proibiu o consumo de crack nos presídios, e passou a auxiliar os detentos “batizados”, chamados de “irmãos”, com advogados e cestas básicas para os familiares. A renda vinha do crime: o controle da compra e venda de drogas dentro dos presídios e o patrocínio de assaltos e seqüestros fora deles, sem contar rifas e uma taxa mensal, que atualmente é de 950 reais apelidada de “cebola”, que todos os filiados são obrigados a pagar.

[O valor do auxílio reclusão que nós contribuintes pagamos é hoje (ago/18) de R$ 1.3189,18 – é mais de 30% que o salário mínimo, atualmente de R$ 954,00!!!!]

O PCC (...) está infiltrado nas instituições do Estado (há dois anos, por exemplo, um membro do PCC foi acolhido no Condepe, o conselho de defesa dos direitos humanos de São Paulo).

 

Artigo: Histórias da Rússia – Uma viagem pelo país da revolução bolchevique cem anos depois

Por: Karl Ove Kanusgard

Karl pergunta: Já se passaram 100 anos desde a revolução. O que isso significa para vocês?

- Não damos bola para isso. Foram 100 anos sem Deus. Puseram abaixo todas as igrejas. Agora elas estão sendo reconstruídas e a gente pode ir à igreja sem medo.

O que fez você se voltar para a fé?

- Perguntei a mim mesma o que poderia fazer por ele depois da morte de meu pai. E, nos ensinamentos do islã, lê-se claramente: você deve dar esmolas aos pobres, fazer a peregrinação a Meca e sacrificar um bode.

Em Varsóvia, os edifícios destruídos na Segunda Guerra Mundial foram substituídos por réplicas imaculadas. (...) O velho não era velho, o novo não era novo. Onde estávamos então?

Uma história reina soberana, e todo e qualquer desvio em relação a ela é proibido. Foi assim à época dos czares, que censuravam livros e jornais; foi assim também sob Lênin; e assim é hoje ainda – na Rússia, jornalistas são presos regularmente e, por vezes, assassinados, sem mais.

As pessoas têm um mecanismo que as impede de falar sobre experiências ruins e as faz relutantes quando se trata de remexer no passado. (...) Nossa identidade é moldada por histórias, histórias sobre nossa própria história, sobre a história de nossa família, sobre a  história de nosso povo ou de nosso país.

Serguei Lebedev (Jornalista e romancista): A cada ano tentam reduzir a importância de 1917. fazem isso porque, em sua versão ideal dos acontecimentos, não houve revolução! Estão tentando estabelecer  um vínculo ininterrupto entre os czares e a Rússia de Stálin. De acordo com a  narrativa atual, espiões estrangeiros e traidores nos provocaram a matar uns aos outros 100 anos atrás. Isso não pode acontecer de novo. Portanto, temos que  nos unir; portanto, precisamos seguir a bandeira de Putin; portanto, temos que sacrificar os direitos civis, porque não pode acontecer de novo. Em linhas gerais, é isso.

Lebedev: Mas se você quiser entender o que aconteceu neste país nas décadas de 20 3 30, não pode ignorar a violência e os horrores dos cinco anos entre 1917 e 1921. não vai conseguir entender por que as pessoas estavam tão dispostas a matar umas às outras. Tem havido  uma espécie de guerra pela memória aqui na Rússia, uma guerra em que se disputa o que deve ser lembrado ou esquecidos.

Poucas coisas são mais belas que a esperança vã.

 

JAN/19

Artigo: Genocídio no Brasil – Em reportagem de 1969, o extermínio sem fim dos índios no Brasil.

Autor: Norman Lewis, jornalista inglês.

Jesuíta missionário José de Anchieta: “Não há melhor pregação do que a espada e a vara de ferro.”

Com a invenção do automóvel e do pneu de borracha (...) Manaus estava de volta aos negócios instantaneamente convertida em uma Gomorra tropical. (...) Nesse período grassavam orgias babilônicas em que as cortesãs tomavam banhos semipúblicos de champanhe, bebida que também era servida, em baldes, aos cavalos que venciam as corridas de turfe. Homens afeitos à moda enviavam suas roupas sujas – as de cama e as de baixo – para serem lavadas na Europa. (...) a relação sexual com uma virgem era tida como uma cura certeira para doenças venéreas.

Um elemento de competição estava presente quando se tratava de matar índios. De uma feita, 150 trabalhadores irremediavelmente ineficientes foram capturados, reunidos e cortados em pedaços, empregando-se uma pavorosa habilidade local que incluía o “corte do bananeiro”, em que a lâmina do facão era brandida para trás e para a frente decepando duas cabeças de uma só vez, e o “corte maior” em que um corpo era fatiado em duas ou mais partes antes que pudesse tocar no chão.

Algumas das histórias contadas sobre as casas-grandes do Brasil do século passado em seus dias de respeitável escravidão e licenciosidade romana desafiam a imaginação: um escravo acusado de algum crime de ínfima gravidade é castrado e queimado vivo; por ordem de uma senhora enciumada, os dentes de uma bela jovem são arrancados e seus seios amputados, apenas por garantia; outra moça, que descobrem grávida, é jogada viva dentro do forno.

Por que toda essa crueldade sem sentido? O que é que faz com que homens e mulheres, provavelmente de extrema respeitabilidade em sua vida cotidiana, torturem pelo mero prazer da tortura? Montaigne acreditava que a crueldade é a vingança do homem fraco por sua fraqueza; uma espécie de parodia doentia da bravura. “A matança após uma vitória é geralmente perpetrada pela ralé e pela criadagem que carrega a bagagem.”

Francisco Amorim Brito, encarregado geral da empresa seringalista Arruda, Junqueira & Cia., de Juína-Mirim, perto de Aripuanã, no rio Juruema, gostava de fazer troça dos índios, e quando um deles era capturado, levava-o para o que era conhecido como “a visita ao dentista”: o índio recebia ordens para “abrir a boca”, e ato contínuo, Brito sacava uma pistola e atirava dento.

Num outro episódio, Brito arrastou a mulher e pendurou com uma corda em uma árvore, de cabeça para baixo, as pernas bem abertas e com um só golpe do facão abriu o corpo dela ao meio.